Figura de linguagem que exagera as ideias
Hipérbole
"Tira o cabelo da cara e me diz
Se por um segundo quiseste me ver feliz
Ou se és o meu destino tentando me dar outra lição"
Aliteração
Amor é fogo que arde sem se ver - Luís Vaz de Camões
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor
Paradoxo
Ele morreu de morte morrida
Pleonasmo
Estou morrendo de fome, mal posso esperar pelo intervalo!
Hipérbole
Figura de linguagem que repete sons consonantais
Aliteração
Há, no trecho da canção "Epitáfio", da banda Titãs, duas figuras de linguagem
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Anáfora e Hipérbole
No quarto, desfazendo a mala e tirando a carta de bacharel de dentro da lata, ia pensando na felicidade e na glória. Via o casamento e a carreira ilustre, enquanto José Dias me ajudava, calado e zeloso. Uma fada invisível desceu ali e me disse em voz igualmente macia e cálida: “Tu serás feliz, Bentinho; tu vais ser feliz.”. (Trecho de Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis)
Sinestesia
Ela é uma luz que chega de repente
Metáfora
Estabelece uma relação entre termos do enunciado utilizando conectivos como: com, como, tal qual, tal como, assim, tão, quanto, parece
Comparação
Figura de linguagem que consiste em usar uma palavra ou expressão fora do seu sentido literal para criar uma comparação implícita entre dois elementos.
Metáfora
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde queres um lobo, eu sou irmão
Onde queres caubói, eu sou chinês
Antítese
Inutilidades - José Paulo Paes
Ninguém coça as costas da cadeira.
Ninguém chupa a manga da camisa.
O piano jamais abana a cauda.
Tem asa, porém não voa, a xícara.
De que serve o pé da mesa se não anda?
E a boca da calça se não fala nunca?
Nem sempre o botão está em sua casa.
O dente de alho não morde coisa alguma.
Ah! se trotassem os cavalos do motor...
Ah! se fosse de circo o macaco do carro...
Então a menina dos olhos comeria
Até bolo esportivo e bala de revólver.
Catacrese
O rei do futebol faleceu há três anos
Metonímia
Poder da criação - João Nogueira e Paulo César Pinheiro
Não, ninguém faz samba só porque prefere
Força nenhuma no mundo interfere
Sobre o poder da criação
Não, não precisa se estar nem feliz, nem aflito
Nem se refugiar em lugar mais bonito
Em busca da inspiração
Não, ela é uma luz que chega de repente
Com a rapidez de uma estrela cadente
Que acende a mente e o coração
Assonância, metáfora, hipérbole
Substituição de uma palavra por outra, quando entre ambas existe uma proximidade de sentidos.
Metonímia
Há três figuras de linguagem no trecho da canção "Flor de Lis", de Djavan.
E o destino não quis
Me ver como raiz de uma flor de lis
E foi assim que eu vi
Nosso amor na poeira, poeira
Morto na beleza fria de Maria
E o meu jardim da vida
Ressecou, morreu
Do pé que brotou Maria
Nem margarida nasceu
Personificação, Aliteração e Gradação
Consoada - Manuel Bandeira
Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
— Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
Eufemismo
Eles estão subtraindo recursos nesse momento
Eufemismo
Porque longe das cercas embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora dum disco voador
(Trecho de Ouro de Tolo - Raul Seixas)
Sinestesia
Repetição de termos no começo das frases (ou dos versos)
Anáfora
Há na canção "Quem sabe isso quer dizer amor", de Milton Nascimento, quatro figuras de linguagem.
Cheguei a tempo de te ver acordar
Eu vim correndo à frente do sol
Abri a porta e antes de entrar
Revi a vida inteira
Pensei em tudo que é possível falar
Que sirva apenas para nós dois
Sinais de bem, desejos vitais
Pequenos fragmentos de luz
Falar da cor dos temporais
De céu azul, das flores de abril
Pensar além do bem e do mal
Lembrar de coisas que ninguém viu
O mundo lá sempre a rodar
Em cima dele tudo vale
Quem sabe isso quer dizer amor
Estrada de fazer o sonho acontecer
Pensei no tempo e era tempo demais
Você olhou sorrindo pra mim
Me acenou um beijo de paz
Virou minha cabeça
Eu simplesmente não consigo parar
Lá fora o dia já clareou
Mas se você quiser transformar
O ribeirão em braço de mar
Você vai ter que encontrar
Aonde nasce a fonte do ser
E perceber meu coração
Bater mais forte só por você
O mundo lá sempre a rodar
Em cima dele tudo vale
Quem sabe isso quer dizer amor
Estrada de fazer o sonho acontecer
Hipérbole, Metáfora, Personificação, Assonância
Bilhete - Mário Quintana
tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
Ironia
Eu ouvi o cacarejar das galinhas e soube que era hora de levantar
Onomatopéia
Era uma noite fria de lua cheia. As estrelas cintilavam sobre a cidade de Santa Fé, que de tão quieta e deserta parecia um cemitério abandonado. Era tanto o silêncio e tão leve o ar, que se alguém aguçasse o ouvido talvez pudesse até escutar o sereno na solidão. Agachado atrás dum muro, José Lírio preparava-se para a última corrida. Quantos passos dali até a igreja? Talvez uns dez ou doze, bem puxados. Recebera ordens para revezar, o companheiro que estava de vigia no alto duma das torres da Matriz. “Tenente Liroca”, dissera-lhe o coronel, havia poucos minutos, “suba pro alto do campanário e fique de olho firme no quintal do Sobrado. Se alguém aparecer pra tirar água do poço, faça fogo sem piedade.” José Lírio olhava a rua. Dez passos até a igreja. Mas quantos passos até a morte? Talvez cinco... ou dois. Havia um atirador infernal na água-furtada do Sobrado, à espreita dos imprudentes que se aventurassem a cruzar a praça ou alguma rua a descoberto. (...)
Trecho de "O tempo e o vento", de Érico Veríssimo
Comparação e sinestesia